
Tempo. Tempo é algo realmente fascinante, não? Enquanto o ponteiro avança os segundos, milésimos de segundos, podemos afirmar que milhares, mas milhares de coisas acontecem, e aconteceram neste exato milésimo. Coisas indetermináveis.
Mas quando se para pra pensar, quantas coisas podíamos estar fazendo neste exato segundo perdido? Eu não sei. Quem sabe? Passo minhas tardes ao lado de minha janela; e percebo que, ao ver o ponteiro realizar suas voltas, estou morrendo aos poucos. E tudo isso faz a vida passar. Eu gasto meus dias da semana contando para o fim de semana. Eu gasto meu dia contando para a noite. Eu gasto meus minutos contando para uma nova hora. Eu gasto todo o meu tempo contando o tempo, perdendo tempo. E eu não quero mais isso. Mas os dias só escorregam e deslizam como sempre fizeram (o problema é que minha cabeça não me deixa esquecer), preciso botar os meus pés no chão. Será que sou forte o bastante para chegar lá? Vou viver o bastante para ter filhos? E se todos os nossos dias estão contados, por que eu continuo contando? E se tempo for destino? Bem, se eu soubesse a resposta, se eu mudasse meu modo de vida, e se pavimentasse minhas ruas com boas lembranças, será que o tempo seria generoso?
Bem, talvez eu tenha nascido com o signo errado. Na casa errada. Com a ascendência errada; Peguei o caminho errado, que me levou a tendências erradas; Eu provavelmente estava no lugar errado na hora errada; Pelo motivo errado e a rima errada; No dia errado da semana errada; Usei o método errado com a técnica errada. Mas há algo errado comigo? A mistura dos genes errados? Alcancei talvez os fins errados pelos meios errados; O plano errado, nas mãos erradas; Com a teoria errada para o homem errado; Com os olhos desviados, para o prêmio errado; As perguntas erradas para as respostas erradas. Quem sabe eu estava marchando para o tambor errado, com a escória errada... Extravasando a energia errada, utilizando todas as linhas erradas e os sinais errados com a intensidade errada. Eu estava na página errada do livro errado.
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-Destino diz respeito a ordem natural estabelecida no universo. Geralmente é concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos. O destino é muito usado para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos existenciais (na acepção, absurdo deve ser traduzido como algo não-explicável no âmbito do conhecimento homo sapiens utilizando-se do método científico), assim também como a responsabilidade dada as divindades para tais acontecimentos.